Apesar da rápida digitalização dos meios de pagamento na economia nacional, o boleto bancário segue como protagonista absoluto nas transações entre empresas no Brasil. É o que revela o capítulo 1 do Panorama do Contas a Pagar 2026, estudo inédito da Qive, antiga Arquivei, que analisou mais de 315 milhões de notas fiscais eletrônicas, totalizando R$ 3,7 trilhões em valores, entre janeiro de 2023 e setembro de 2025, considerando os métodos de pagamento B2B e os 12 principais segmentos econômicos (CNAEs).
Segundo Isis Abbud, co-CEO e Cofundadora da Qive, a leitura dos dados revela uma contradição interessante: “A dinâmica dos pagamentos B2B no Brasil é uma tapeçaria complexa, tecida com fios de inovação digital e de tradições analógicas. A coexistência entre boleto, Pix, transferências, cheques e até vales corporativos não reflete atraso, mas sim uma adaptação às necessidades de cada segmento”.
Entre 2023 e 2025, o boleto movimentou R$ 2,47 trilhões em valor financeiro, com 224,3 milhões de notas fiscais liquidadas. A participação no valor total caiu de 73,2% para 69,3% no período, enquanto o volume de documentos passou de 70,4% para 64,9%, uma queda de 5,5 pontos percentuais, sinalizando migração parcial para outros meios. Ainda assim, em 2025 o boleto representa entre 50% e 80% do valor financeiro das transações na maioria dos setores, com destaque para Saúde (79,4%), Infraestrutura (69%) e Varejo (67,8%).
Mesmo com reduções pontuais, a presença desta modalidade segue dominante em diversos segmentos, como o Varejo, que concentrou 75,58% das notas via boleto em 2025. Segundo o levantamento da Qive, essa resiliência é sustentada por fatores como compliance bancário, facilidade de conciliação e integração com sistemas de gestão (ERPs).
“Os dados mostram que a digitalização avança, mas no universo B2B a mudança é gradual e estratégica. As empresas não substituem o boleto da noite para o dia porque ele cumpre funções críticas de conformidade e integração. O crescimento de transferências, depósitos e Pix indica que o futuro dos pagamentos será cada vez mais híbrido, combinando eficiência digital com segurança e previsibilidade operacional”, afirma Christian de Cico, coCEO e cofundador da Qive.
Transferências bancárias ganham espaço
O levantamento também mostra avanço consistente das transferências bancárias e carteiras digitais. O share financeiro de "transferências" por segmento mostram um comportamento similar ao de depósitos, com predomínio do formato em setores contratuais: serviços (27,9%), energia (27,1%) e setor público (17,2%). A movimentação foi de R$ 374,9 bilhões em 14,1 milhões de notas no período neste recorte, consolidando o segundo lugar em participação no valor financeiro B2B.
A força dos depósitos
Já os depósitos bancários somaram R$ 318,5 bilhões em 10,9 milhões de documentos e ampliaram seu share de valor financeiro de 10,3% (2023) para 11,9% (2025), especialmente em Energia (24,4%), Setor Público (22,8%) e Educação (12,8%).
Pix cresce, mas mantém baixo ticket
O Pix registrou crescimento de frequência de uso, passando de 0,8% para 1,6% no volume de notas entre 2023 e 2025, mas segue com participação inferior a 0,5% no valor financeiro total. O método se concentra em pagamentos rápidos de baixo valor, especialmente nos setores de Varejo e Serviços, sem ganhar relevância nos segmentos de maior ticket médio.
Desafios no fluxo de caixa e automação
Além da análise de sua base de dados, a Qive realizou uma pesquisa externa exclusiva complementar, conduzida online entre o final de agosto e meados de setembro, via Opinion Box, reunindo 406 respostas de profissionais das áreas administrativa, financeira, fiscal, de compras, contabilidade, TI e controladoria, abrangendo cargos desde analistas a C-levels. Os resultados apontam que há entraves na gestão financeira das empresas. Prazos longos de recebimento (41,2%) e erros de dados (35,3%) encabeçam as preocupações de grandes companhias. Entre pequenas e médias, a falta de previsibilidade no fluxo de caixa atinge 40,9% e 40%, respectivamente, enquanto a inadimplência aparece como destaque em 31,8% das pequenas. Um em cada três negócios afirma ter sofrido mais perdas por pagamentos indevidos em 2025 do que no ano anterior, e 31% ainda realizam cobrança e conciliação de forma totalmente manual.
“Compreender essas dinâmicas é fundamental para que líderes financeiros tomem decisões embasadas e preparem suas organizações para um cenário de pagamentos cada vez mais integrado e inteligente. Na Qive, nosso papel é transformar esses dados em soluções práticas, ajudando companhias a ganhar eficiência, reduzir riscos e aproveitar todo o potencial da digitalização”, encerra Isis.
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