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Geral São Paulo

Da vulnerabilidade à segurança: primeiras famílias da comunidade do Iguatemi se mudam para prédios viabilizados pela CDHU

Área atendida pela CDHU na comunidade tem mais de 350 famílias vivendo sob condições de risco

09/09/2025 18h54
Por: Redação Fonte: Secom SP
O reassentamento é uma ação necessária para levar melhores condições de habitabilidade e qualidade de vida aos moradores
O reassentamento é uma ação necessária para levar melhores condições de habitabilidade e qualidade de vida aos moradores

Não foi necessário percorrer nem 200 metros para que as vidas de cinco famílias da comunidade Iguatemi, na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, fossem transformadas com a conquista da casa própria, viabilizada por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Os moradores, antes em imóveis precários, foram os primeiros a mudar-se definitivamente no dia 4 de setembro para apartamentos no mesmo bairro, deixando para trás a insegurança e dando boas-vindas a uma nova realidade.

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Este sempre foi o sonho de Inês Félix, de 30 anos, que, em meio à mudança, não conseguiu conter a emoção. “Eu estou emocionada de felicidade, porque nós até queríamos nos mudar, mas não conseguíamos por conta das nossas condições. Para mim, foi uma oportunidade muito grande, pois é algo no nosso nome e que ninguém vai nos tirar”, explica ela com lágrimas nos olhos. “A sensação é de vitória. Não dá para explicar aquilo que se sente, só quem está vivendo sabe como é. Em palavras, eu só consigo expressar gratidão”, completa.

A ansiedade de Inês para deixar a casa antiga rumo à nova foi perceptível. De um lado para o outro, ela coordenou, com ajuda de amigos, a transferência de seus pertences para o caminhão disponibilizado às famílias pela CDHU, que também contratou uma equipe para fazer o carregamento dos veículos. “Eu estava ansiosa, não dormi direito, às 4h30 já estava acordada. Tem coisas minhas que já estão guardadas há mais de 15 dias, por isso adiantamos a mudança”, conta Inês, que vive desde que nasceu na comunidade. No apartamento, ela irá morar com o marido Kaique Leonardo, de 31 anos.

Plano de reassentamento

Na área onde está localizada a comunidade, atualmente 355 famílias residem e estão previstas para serem beneficiadas com o plano de reassentamento que, coordenado pela Companhia, integra o Projeto Urbanístico APA Iguatemi. O atendimento habitacional poderá ser viabilizado pela Companhia com ofertas de moradias nos conjuntos Guaianazes A13 e A32.

O reassentamento é uma ação necessária para levar melhores condições de habitabilidade e qualidade de vida aos moradores, que vivem em moradias precárias e em condições insalubres. Além disso, o local faz parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA) e tem riscos elevados de alagamentos, o que inviabiliza a regularização fundiária e, consequentemente, impacta na infraestrutura da área.

O perigo que a área oferece já foi vivenciado de perto pela família de Luzia Aparecida, de 28 anos, e João Pedro, de 31. “Lá era uma área de risco, tanto que já alagou quatro vezes. Então, aqui [no novo apartamento] não temos a insegurança de comprar os móveis e depois perder. Agora, podemos dormir tranquilos, porque lá não era assim na chuva. Perdemos muitas coisas”, diz ele, após entrar na casa nova ao lado de Luzia, que também chorou com a mudança. “A gente já queria há muito tempo se mudar”, relata ela, explicando que “o valor da parcela ficou bom” para a família.

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A conquista da nova casa, além da segurança, traz conforto, segundo Luzia. “O apartamento é bem espaçoso, bem acabado, eu gostei bastante. Lá, morávamos em dois cômodos, aqui são quatro. Vamos ter mais conforto e paz”, explica a dona de casa. Com o casal, além do filho Kauan, de 8 anos, também irá morar a dona Joana Aparecida, de 70 anos, mãe de Luzia.

O ganho de mais espaço também foi comemorado por Kauane Alberto, de 29 anos, e sua companheira Gabriela Lopes, também de 29. “Vai ser bem melhor porque só tínhamos dois cômodos, né? Aqui são quatro. Nós temos uma criança e, na casa antiga, que não tinha muito espaço, ela tinha que dormir no colchão”, diz Gabriela, madrasta da pequena Kerollyn Eduardo, de 9 anos, que realiza o sonho de ter seu próprio quarto. “Compramos tudo novo para ela ter o quartinho dela. Ela não podia ter, mas sempre foi o sonho dela, e agora ela tem para poder trazer as amigas”, relata a madrasta.

Situados no condomínio Guaianazes A13, os apartamentos possuem 52 m² e estão dispostos em 9 prédios de 5 andares, sendo 8 unidades habitacionais adaptadas. Todos possuem sala, cozinha, banheiro, lavanderia e dois dormitórios, além de esquadrias de aço com pintura eletrostática, azulejo nas áreas úmidas – cozinha e área de serviço –, piso cerâmico e forro de gesso no banheiro.

O prédio ainda possui 88 vagas de garagem para veículos, o que também proporciona preservação e mais garantia para o carro da família. “Agora, tenho lugar para colocar meu carro. Antes, ele ficava na rua, correndo risco de roubo”, explica Gabriela. O casal também enfatiza outro benefício proporcionado pela mudança: o endereço regular, que impacta diretamente no recebimento de encomendas. “Aqui tem mais conforto e segurança, e, além disso, as compras que fazemos pela internet agora vão chegar”, diz Kauane.

Com a nova moradia, as famílias conquistam o sonho da casa própria e podem ir além para realizar outros desejos. É o caso de Inês. Casada há cinco anos, agora ela diz se sentir preparada para expandir a família. “Meu sonho é ser mãe. Eu até falei: ‘Deus, já veio o apartamento com dois quartos, agora o senhor manda o filho, né?’”, brinca. Na nova casa, ela trocou o choro de emoção pelo sorriso de alegria e já planeja o que pretende mudar no apartamento. “Já tenho até imagem para usar como referência. Sempre imaginamos, né? Quem é dono do lar imagina a casa do seu jeito para ficar como você gosta”, encerra.

Os imóveis destinados às famílias são financiados de acordo com a Política Habitacional do Estado de São Paulo. Por isso, o valor das parcelas do financiamento compromete, no máximo, 20% da renda familiar mensal. Além disso, não há cobrança de juros para famílias com rendimentos de até cinco salários mínimos por mês. Desta forma, as famílias pagarão praticamente o mesmo valor ao longo de 30 anos, já que o contrato sofrerá apenas a correção monetária calculada pelo IPCA – índice oficial do IBGE.

À medida que as mudanças vão acontecendo, a CDHU, mediante autorização dos moradores, realiza a descaracterização dos imóveis com a retirada de janelas, portas, telhas e outros itens. A ação é necessária para impedir que novas ocupações irregulares ocorram nos imóveis vazios.

Projeto APA Iguatemi

A área onde hoje se encontra a comunidade será diretamente afetada pelo Projeto APA Iguatemi, que prevê a instalação de infraestrutura urbana e a implementação de um corredor verde entre as Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Iguatemi e o Parque do Rodeio.

Para iniciar o reassentamento, o trabalho com a comunidade pela CDHU foi iniciado em março de 2025. Foram realizadas reuniões com representantes locais e, ainda, o cadastramento de todas as famílias residentes na área para atendimento habitacional. Uma equipe segue destacada para receber os moradores da comunidade em um escritório montado no prédio da Subprefeitura da Cidade Tiradentes, localizado na rua Juá Mirim, número 135, a cerca de 1,3 km da comunidade.

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