O Governo de São Paulo investe R$ 16 milhões para desenvolver pesquisa relacionada ao transplante de tecidos ou órgãos de animais para humanos, conhecido como xenotransplante. O objetivo é diminuir a carência de pacientes por rins e córneas, por exemplo.
Para isso, foram inaguradas, nesta segunda-feira (13) as instalações do Núcleo de Tecnologias Avançadas para Bem-Estar e Saúde Aplicados às Ciências da Vida (Nutabes) no campus Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), sediado na Cidade Universitária, da Universidade de São Paulo (USP).
“O Governo de São Paulo tem investido fortemente em ciência, tecnologia e inovação porque acreditamos que o futuro se constrói com conhecimento e pesquisa aplicada. O Nutabes é um exemplo concreto desse compromisso — um espaço que une saúde, ciência e tecnologia para transformar a vida das pessoas”, afirma o vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth que realizou a inauguração do espaço.
O IPT, um dos mais tradicionais centros de pesquisa do Brasil e do mundo, com 126 anos de atividades, é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo. “Não canso de elogiar o IPT, instituição centenária que sempre está em destaque porque sabe se renovar continuamente e se antecipar às necessidades e demandas da sociedade. A inauguração do Nutabes confirma isso, pois disponibiliza uma nova infraestrutura na área da Saúde que permite realizar pesquisas em novos campos”, destaca o secretário da SCTI e professor emérito da USP, Vahan Agopyan.
Por meio do trabalho desenvolvido no Nutabes, o IPT vai colaborar para a realização de xenotransplantes no Brasil, uma técnica inovadora de transferência de células, tecidos ou órgãos entre espécies diferentes.
Nesse projeto, suínos geneticamente modificados serão doadores de órgãos e tecidos para humanos no futuro. O núcleo será responsável pela criação de suínos destinados aos ensaios pré-clínicos de xenotransplante, operando a infraestrutura das cirurgias de extração dos órgãos destinados aos ensaios clínicos e, no futuro, ao transplante em humanos.
O núcleo especializado garantirá padrões rigorosos de biossegurança, rastreabilidade e bem-estar animal em um ambiente de pesquisa voltado à inovação em biotecnologia, apoio à validação pré-clínica e, finalmente, à viabilização clínica dos xenotransplantes no país.
Dentro do projeto, o IPT conta com a parceria do Instituto do Coração (InCor, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP), do Instituto de Biociências (USP), da empresa farmacêutica EMS, da XenoBrasil e do Instituto de Zootecnia (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado).
O Nutabes nasce com a missão de revolucionar a saúde ao incorporar o conceito One Health (Uma Só Saúde), por meio de abordagem integrativa que reconhece a interconexão entre saúde humana, animal e ambiental. A estruturação, iniciada em 2021, tem como propósito acompanhar tendências globais e contribuir para a elevação da qualidade de vida da população por meio da pesquisa aplicada, da inovação tecnológica e da articulação entre múltiplas disciplinas científicas e setores produtivos.
Reconhecido por instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a Food and Drug Administration (FDA), o enfoque One Health é considerado essencial para prevenir surtos de doenças, promover o uso responsável de recursos naturais e antecipar crises sanitárias globais. Guiado por essa abordagem sistêmica, o Nutabes busca responder a alguns dos desafios mais urgentes da saúde global, com propostas inovadoras e de alta complexidade.
“Imagine um futuro no qual órgãos para transplante não sejam mais um recurso escasso, e dispositivos médicos inteligentes monitorem nossa saúde em tempo real, identificando riscos, personalizando tratamentos e auxiliando diagnósticos. Um futuro em que a saúde possa ser estudada de modo unificado”, afirma a pesquisadora Helena Corrêa de Araújo Gomes, gerente técnica do Nutabes, que tem graduação em Biologia, mestrado em Saúde Pública e doutorado em Biologia Celular e Molecular, além de pós-doutorado na área. “Com o núcleo, o IPT amplia a atuação em áreas de impacto direto na vida da população, como diagnóstico e prevenção de doenças, inovação terapêutica e saúde mental”, afirma.
Além de xenotransplantes, as principais linhas de pesquisas a serem desenvolvidas pelo Nutabes serão:
O espaço de 1.650m² oferecerá ainda serviços personalizados, incluindo modelagem molecular, simulações de ambientes naturais, treinamentos médicos e experiências interativas aplicadas à saúde.
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