O lúpulo é uma planta essencial na fabricação da cerveja, responsável por conferir amargor, aroma e atuar como conservante natural. Em São Paulo, seu cultivo tem crescido de forma expressiva, impulsionando a produção local e despertando o interesse das cervejarias artesanais.
A produção envolve o cultivo da espécie Humulus lupulus, utilizando especificamente as flores femininas, que dão sabor e aroma característicos à bebida. O processo inclui o plantio, desenvolvimento, colheita e processamento das flores, que também contribuem para a estabilidade da espuma e a preservação da cerveja.
Em 2023, a produção brasileira de lúpulo alcançou 88 toneladas, representando um aumento de 203% em relação ao levantamento anterior, resultado da expansão da área cultivada e do crescimento no número de produtores.
Com cerca de 30 produtores atuando no estado, o cultivo de lúpulo em São Paulo está em plena expansão, com destaque para cidades como Aguaí e Mococa, reconhecidas nacionalmente pela qualidade e pelas premiações conquistadas por seus produtores.
O cultivo de lúpulo no país apresenta características únicas que favorecem a produção e fortalecem a competitividade em relação a outros países. Uma dessas vantagens está na possibilidade de realizar mais de uma safra por ano, graças às condições climáticas e ao uso de tecnologias específicas.
“O Brasil é um dos únicos lugares do mundo onde se consegue fazer mais de uma safra por ano porque ele precisa de um fotoperíodo específico, dias cumpridos. E aqui fazemos isso com suplementação luminosa”, explica o produtor Murilo Ricci, de Aguaí.
Segundo Ricardo Mason, especialista agropecuário da Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI) de São João da Boa Vista, por seu alto valor agregado, não é necessário o uso de grandes extensões de terra para que a atividade gere renda ao agricultor. Ele destaca ainda que “o cultivo de lúpulo proporciona retorno de capital no decorrer do tempo, podendo ser uma alternativa tanto para grandes produtores como, em especial, para a agricultura familiar. São Paulo possui um grande potencial para se tornar um polo produtor de lúpulo, atendendo não só a demanda local, mas também a demanda nacional e internacional”.
A produção de lúpulo tem ganhado destaque no pequeno comércio, especialmente entre as cervejarias artesanais. Segundo o produtor rural Mário Mancuso, de Mococa, esse crescimento tem sido impulsionado por parcerias com esses estabelecimentos, que ajudaram a ampliar a produção e levar o produto além do mercado regional, alcançando abrangência nacional.
Ele explica que, embora a produção tenha começado em 2021, a comercialização só teve início no ano passado. “Nossa prioridade era garantir um produto de qualidade para oferecer às cervejarias. Nesse período, fizemos muitos testes e firmamos parcerias estratégicas com cervejarias artesanais, que foram fundamentais tanto para o desenvolvimento do produto quanto para a divulgação”, afirma.
Mancuso também destaca que as premiações conquistadas contribuíram para alavancar as vendas. “Deixamos de atuar apenas em um comércio localizado e hoje fornecemos lúpulo para vários estados. Nossa meta agora é, em alguns anos, atingir o mercado internacional”, projeta.
Com o aumento da produção de lúpulo no Brasil, também cresceu a preocupação com pragas que podem comprometer a sanidade e a produtividade das lavouras. Para enfrentar esse desafio, o Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, atua na busca de estratégias e soluções para prevenir a infestação e o alastramento de pragas, principalmente viroides e vírus, garantindo a qualidade e o rendimento da produção, como explica o pesquisador Marcelo Eiras.
Segundo ele, “os viroides podem causar sintomas como redução do desenvolvimento das plantas, seca dos ponteiros e podridão de raízes”. Eiras ressalta ainda que muitas infecções ocorrem sem apresentar sintomas visíveis, mas podem alterar significativamente os compostos responsáveis pelo aroma e sabor da cerveja.
“O foco do nosso trabalho é o diagnóstico de viroides e vírus em lúpulo e citros, atendendo diretamente produtores e viveiristas que comercializam mudas. Além disso, o laboratório realiza estudos aprofundados sobre diversidade genética, interações moleculares, epidemiologia e sanidade vegetal”, acrescenta o pesquisador.
Atualmente, o laboratório do IB desenvolve dois projetos financiados pela FAPESP e pelo CNPq. Essas pesquisas buscam avançar no conhecimento sobre vírus e viroides que afetam o lúpulo, criar métodos de detecção mais sensíveis, avaliar a resistência de variedades, produzir plantas livres de patógenos e analisar o impacto socioeconômico da cultura, além de estudar compostos em variedades infectadas.
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