Como o fim do fluxo de dependentes impulsionou a queda de roubos no centro de SP

Os roubos no centro de São Paulo, na área da antiga cracolândia, caíram 48% no mês de outubro. Foram 217 casos registrados, ante 420 no mesmo período de 2024. A queda nos roubos foi impulsionada pelo fim do fluxo de dependentes químicos na região, que durante décadas se concentraram entre as ruas dos Protestantes e General Couto de Magalhães. Em novembro, completou seis meses do esvaziamento da área, que foi retomada pelo poder público e devolvida à população.

Entre janeiro e outubro deste ano, foram quase mil assaltos a menos no comparativo, passando de 3.871 para 2.880 registros — queda de 25,6%. Os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) são das áreas do 3º e 77º Distrito Policial.

“Os índices não são por acaso. É fruto de um trabalho de três anos, que identificou que o centro da cidade precisava de uma atenção especial. Hoje, a área não é mais atrativa para os criminosos e os usuários de drogas são tratados em hubs de cuidados do governo”, disse o coordenador do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), tenente-coronel Rodrigo Vilardi.

Além dos roubos, os furtos também caíram no mês analisado. De 995 casos, o número chegou a 872 neste ano, com queda de 12,3%. Somando os furtos e roubos de veículos, a redução chegou a 64%, caindo de 50 para 18 boletins de ocorrência no mês.

Os índices são resultados de ações desencadeadas pelo Governo do Estado em parceria com o município, que desde o início de 2023 realiza um monitoramento detalhado da área para definir as melhores estratégias de combate ao crime organizado.

“Com o empenho concentrado das forças de segurança, intensificamos o policiamento ostensivo e promovemos ao longo da gestão operações de inteligência que resultaram em prisões de lideranças criminosas e desmantelamento de quadrilhas que atuavam na antiga cracolândia”, explicou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. “A queda progressiva nos índices criminais observada nos últimos anos é consequência dessa atuação estratégica, o que permitiu o restabelecimento da ordem pública, tornando o centro de São Paulo menos atrativo para o crime organizado.”

Entre as ações, houve o reforço do efetivo na região e a inauguração de novas unidades da Polícia Militar, como a sede da Força Tática do 7º Batalhão Metropolitano e a 3ª Companhia da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), do 7º Batalhão de Ações Especiais (Baep).

Além disso, houve um aumento das investigações pela Polícia Civil para descobrir locais usados para lavar dinheiro do tráfico. Durante a Operação Downtown, hotéis e pensões foram fechados e mais de R$ 200 milhões em bens do crime organizado foram apreendidos.

A logística do tráfico de drogas também foi descoberta, o que permitiu que as forças de segurança interceptassem os entorpecentes antes de chegar no centro da capital. O trabalho resultou na prisão de importantes lideranças de facções que atuavam na área.

Outra medida implantada foi a qualificação de usuários do fluxo, separando o criminoso do dependente químico. Os usuários receberam tratamento no Hub de Cuidados com o Crack e Outras Drogas, do Governo de São Paulo, enquanto os criminosos procurados pela Justiça eram monitorados por câmeras espalhadas pela região.