Geral São Paulo
De barraco de madeira a apartamento com varanda, ex-morador do Moinho começa nova história no Brás
Francisco morou durante uma década na comunidade e, com o benefício da CDHU, usufrui agora de infraestrutura completa, com segurança e dignidade
13/11/2025 09h36
Por: Redação Fonte: Secom SP

Com passos apressados e sem olhar para trás, Francisco Pereira de Araújo deixou o barraco de madeira onde morava na Favela do Moinho, na manhã desta quarta-feira (12), rumo a uma nova vida em um apartamento seguro, localizado no bairro do Brás, região central de São Paulo. O controlador de estacionamento, de 50 anos, é mais um morador da comunidade atendido com moradia definitiva pelo plano de reassentamento estruturado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que, desde abril, iniciou a mudança das famílias do local.

Francisco morou no Moinho por 10 anos e conta que, à época, ir para a comunidade foi a única opção viável em razão da renda. “O salário que a gente ganha aqui em São Paulo é pouco, aí, para pagar aluguel, não dá”, diz ele, ao lembrar também que não queria continuar pagando aluguel. “Fui para o Moinho porque era a opção mais barata, porque a gente compra e depois não paga mais nada”, explica.

A moradia em que Francisco viveu nesse período, porém, era precária e oferecia diversos riscos à saúde, assim como outras dezenas construídas da mesma maneira. O barraco de dois pavimentos tinha a estrutura comprometida e não possuía nenhuma abertura para circulação de ar, o que tornava o ambiente mais propício à proliferação de doenças. Por isso, deixar essas condições de moradia para trás representa um alívio. “A sensação é outra, né? Vou estar em um lugar mais seguro, não é um barraco na favela, que pode pegar fogo, como outros pegaram por causa de gambiarra, né? Eu estou feliz, é uma bênção”, relata.

Francisco optou por continuar morando na região central de São Paulo para manter a rotina que já tinha. Atualmente, ele trabalha na Santa Ifigênia, bairro próximo ao novo apartamento. “Aqui está perto de tudo, de bastante emprego, tanto nessa região do Brás quanto na 25, que também é próxima. Essa região é uma onde já trabalhei muito”, conta.

O apartamento escolhido possui um dormitório com varanda, o que atende à demanda de moradia de Francisco, que vive sozinho. O prédio tem estrutura completa — com portaria 24 horas, piscina, academia, rooftop e pet place —, o que vai proporcionar a ele um endereço regularizado e, também, uma mudança de realidade. “A vida é outra, né? Agora eu tenho um endereço para indicar. Isso ajuda muito, é uma bênção”, conclui.

Mais de 680 famílias já deixaram Favela do Moinho

Até esta quarta-feira (12), 681 famílias já deixaram a Favela do Moinho — o que representa cerca de 83% das mais de 800 que aderiram voluntariamente ao plano de reassentamento estruturado pela CDHU. O programa busca oferecer dignidade e segurança à população que vive sob risco elevado e em condições insalubres. Ao todo, 780 famílias já selecionaram suas unidades de destino.

O atendimento ocorre de duas formas: as famílias podem optar por apartamentos prospectados pela CDHU no mercado — prontos, em construção ou com obras a iniciar — ou buscar imóveis por conta própria em qualquer região do estado, desde que atendam aos parâmetros do programa. Em ambas as modalidades, o valor máximo dos imóveis é de R$ 250 mil, conforme a localização.

As moradias são concedidas sem custo para famílias com renda mensal de até R$ 4,7 mil, de acordo com a parceria firmada entre o Governo do Estado e o Ministério das Cidades em maio. Para quem escolhe um imóvel ainda em construção, é pago um caução de R$ 2,4 mil e, a partir do mês seguinte, um auxílio-moradia de R$ 1,2 mil.