Guarulhos Valorização da vida
Jovens participam de oficina de culinária pelo Setembro Amarelo
Atividade promove integração e valorização da vida
19/09/2025 09h48
Por: Redação

Ao suicídio e valorização da vida, o Caps II Infantojuvenil Recriar realizou nesta quarta-feira (17) uma oficina de culinária. Adolescentes e jovens atendidos pelo serviço participaram da produção de bolachinhas doces embaladas em celofane amarelo, acompanhadas da mensagem de incentivo: “Adoce a sua vida. Você não está sozinho! Em momentos difíceis, busque ajuda na sua comunidade e nos serviços de saúde.”

Culinária como ferramenta de interação

Os participantes se envolveram em todas as etapas da atividade, desde o preparo da massa até a finalização das embalagens, em um ambiente de descontração, aprendizado e troca. A auxiliar de enfermagem Izabel Ferreira dos Santos explicou que o grupo de culinária, existente há 11 anos, vai além do ensino de receitas: A gente usa a culinária como ferramenta para trabalhar a interação e a relação entre os participantes. O mais importante é a experiência de construir algo juntos, em equipe, destacou.

Depoimentos que quebram estigmas

Entre os jovens estava Mariana Alves (nome fictício para preservar a identidade), de 14 anos, uma das 1,4 mil pessoas atendidas mensalmente pelo Caps. Ela contou que, apesar do medo inicial, hoje encontra no serviço um espaço de acolhimento: Aqui é o lugar que eu mais gosto no mundo inteiro! Antes eu ficava com medo de vir, não conhecia ninguém e me sentia assustada. Mas fui me abrindo, participando dos grupos de artes, culinária e futebol. Eu sofro com ansiedade e depressão, mas agora sofro menos, graças ao pessoal daqui, relatou.

A adolescente reforçou ainda a importância de compreender o verdadeiro papel do Caps e de não reforçar preconceitos: O Caps não é um lugar de gente louca, como todo mundo zoa. É um lugar para pessoas que passam por uma situação muito difícil, que precisam de ajuda, completou.

O papel do Caps II Recriar

O gerente e psicólogo do serviço, Odonel Ferrari Serrano, explicou que a missão da unidade, voltada a crianças e jovens de até 18 anos, é promover a reabilitação psicossocial: Sofrimento psíquico todo mundo tem, mas, quando se torna muito intenso, a pessoa pode perder vínculos com a escola, a família e até com a própria vida. O papel do Caps é cuidar desse sofrimento e evitar essas perdas, afirmou.

Segundo Serrano, além dos atendimentos individuais, psicológicos e psiquiátricos, o serviço também acolhe as famílias e mantém diálogo com as escolas, entendendo que o tratamento isolado da vida não produz os efeitos necessários.

Importância dos vínculos sociais

O psicólogo também destacou que o isolamento é um dos principais fatores de risco: Os dados mostram que muitas pessoas que cometeram suicídio não passavam por serviços de saúde, tinham poucos amigos e vínculos familiares frágeis. Precisamos estar atentos: quando uma criança ou adolescente apresenta grandes restrições nas relações sociais, isso é um sinal de alerta para buscar ajuda, alertou.

Ele reforçou ainda que todos os tipos de vínculos — familiares, de amizade, de lazer, culturais, espirituais ou religiosos — são fundamentais para a preservação da vida.