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MAV: neurocirurgião explica como diagnosticar e tratar a condição
Defeito congênito nas artérias e veias do cérebro pode passar décadas oculto
04/12/2025 11h25
Por: Redação Fonte: Agência Dino

A malformação arteriovenosa cerebral (MAV) é uma alteração congênita que ocorre quando as artérias e veias do cérebro se ligam de forma direta, sem a presença dos capilares — que são os vasos responsáveis por reduzir, gradativamente, a velocidade do sangue antes de ele chegar às veias do cérebro. Quando essa etapa intermediária está ausente, como nas MAVs, o sangue arterial chega às veias em alta pressão, gerando um fluxo hemodinâmico anormal que pode fragilizar as paredes dos vasos, aumentando o risco de diversos problemas.

Além de sangramentos, que podem levar ao óbito nos casos mais graves, a malformação pode causar dor de cabeça persistente, crises convulsivas, perda de força ou sensibilidade em alguma parte do corpo, alterações na visão ou até mudanças cognitivas. “Tudo depende do tamanho da MAV e da região do cérebro em que ela está localizada”, explica o neurocirurgião Feres Chaddad, professor da Disciplina de Neurocirurgia da UNIFESP e chefe do setor de Neurocirurgia Vascular do Hospital São Paulo e do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O diagnóstico normalmente é feito por meio de exames de imagem, seja após a presença de sintomas, como convulsões e hemorragias, ou a partir de achados incidentais em consultas de rotina. Entre os principais métodos estão a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e a angiografia cerebral. “Este último é considerado padrão-ouro, pois permite mapear com precisão os vasos da MAV e identificar suas artérias nutridoras”, argumenta o especialista.

Com esses resultados, é possível avaliar o risco de sangramento e definir qual é a melhor estratégia de tratamento, que depende das características da lesão, pois não existe um medicamento capaz de curar uma MAV. “As opções são: acompanhamento clínico, quando as malformações são pequenas, assintomáticas e com baixo risco. Tem ainda a embolização vascular, quando um cateter é injetado para fechar a circulação local. Outro procedimento é a radiocirurgia estereotáxica, que usa radiação concentrada para fechar gradualmente os vasos anormais, e é mais indicada para MAVs pequenas ou situadas em áreas difíceis de operar. E, por fim, a remoção completa da MAV por meio da microcirurgia”, detalha o neurocirurgião.

A escolha entre tratar ou apenas acompanhar uma MAV depende de vários fatores: idade do paciente, localização da MAV, histórico de sangramento e os riscos envolvidos em cada abordagem. “E vale salientar que a MAV cerebral é uma lesão congênita e não um tumor. Muitas vezes, o paciente pode viver por décadas sem apresentar sintomas, mas o risco de uma hemorragia grave sempre existe. Portanto, assim que a condição é descoberta, a avaliação deve ser imediata e individualizada para que seja possível oferecer a melhor estratégia e garantir segurança, bem-estar e qualidade de vida ao paciente”, conclui Feres Chaddad.